20/04/2017

O jogo propõe desafios macabros aos adolescentes, como bater fotos assistindo a filmes de terror, automutilar-se, ficar doente e, na etapa final, cometer suicídio.

Disque-Denúncia recebe denúncias sobre o "Jogo da Baleia Azul"

Imagem da notícia

O Disque-Denúncia atento ao número de denúncias que começam a chegar à sua central 2253-1177, procurou saber mais sobre o “Jogo da Baleia Azul” que vem causando alarme no mundo todo e há semanas tornou-se um assunto viral nas nossas redes sociais. O jogo propõe desafios macabros aos adolescentes, como bater fotos assistindo a filmes de terror, automutilar-se, ficar doente e, na etapa final, cometer suicídio.



A nossa Central de Atendimento, 2253-1177, começou a receber as primeiras denúncias sobre o jogo no dia 06 de abril, quando o assunto ainda não tinha alcançado toda esta repercussão. As denúncias, em sua maioria, informam que o convite para participação no jogo chega através do WhatsApp. Em uma delas, chega a ser citado o endereço de uma adolescente que aceitou o convite. Há também relatos de uma estudante com cortes por todo o corpo e com o desafio de ameaçar e matar dois alunos do colégio em que estuda.



Todas as denúncias foram encaminhadas à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) para que fossem investigadas. Todo o material passará por uma triagem para saber se o conteúdo é verdadeiro ou não. Até agora, dois casos foram confirmados pela polícia. Duas adolescentes de 14 e 15 anos, uma moradora do interior do Rio e outra na Zona Oeste da capital , foram mesmo cooptadas por curadores e tentaram o suicídio.



A investigação na DRCI teve início no início deste mês após comentários sobre o jogo começaram a circular nas redes sociais. A delegada Fernanda Fernandes, que temporariamente está respondendo pela DRCI, mantém as informações sobre os suspeitos em sigilo para não atrapalhar as investigações. Mas ela já sabe que o primeiro contato dos aliciadores com as vítimas — a maioria delas tem de 12 a 14 anos — ocorre como um convite inocente para um jogo desafiador, por meio de redes sociais, sobretudo o Facebook. Ludibriados pela promessa de experimentar uma simples aventura virtual, os menores não sabem que estão sendo caçados por uma associação criminosa. 



Segundo a delegada, uma vez capturado, o jovem é submetido ao perigo de uma profunda pressão psicológica. A vítima é coagida a cometer atos de automutilação, como desenhar uma baleia com objeto cortante no braço, entre outros desafios muito perigosos. A tarefa final, seria atentar contra a própria vida.



Ontem (19), a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática começou a rastrear 5 mil pedidos feitos ao grupo do Facebook. Amanhã (21), a delegada deve ouvir depoimentos de mais dois casos suspeitos de envolvimento com o jogo: o de uma menina que tentou suicídio, sem idade confirmada, e o de um menino de 12 anos, ambos do Rio.



De acordo com a Adriana Nunes, coordenadora do Disque-Denúncia, um núcleo interno foi criado para receber informações sobre o jogo Baleia Azul.



— Já temos um núcleo interno para monitorar as informações sobre este assunto. O grande objetivo é o de fazer que as pessoas percebam o comportamento diferenciado de um adolescente e que denunciem isso. Todas as informações erão repassadas para a polícia. Estamos recebendo denúncias sobre o caso desde o dia 6 de abril. O mais importante é que a DRCI está empenhada em identificar os propagaores deste jogo —disse Adriana Nunes.



Sabe-se que, aparentemente, o fenômeno começou na Rússia, em 2015, onde uma jovem de 15 anos se jogou do alto de um edifício; dias depois, uma adolescente de 14 anos se atirou na frente de um trem. Depois de investigar a causa destes e outros suicídios cometidos por jovens, a polícia ligou os fatos a um grupo que participava de um desafio com 50 missões, sendo a última delas acabar com a própria vida.



No Brasil, há investigações policiais pelo menos em três estados, sendo que em uma delas, em Mato Grosso, há uma morte envolvida. No Rio de Janeiro, uma tentativa de suicídio supostamente teria relação com o jogo. Na Paraíba, a polícia já apura a participação de alunos de uma escola em João Pessoa de um grupo no WhatsApp disseminando as regras do desafio.



É importante ressaltar que, o que está sendo conhecido atualmente como "jogo", na verdade, é uma sequência de troca de mensagens em redes sociais e tarefas a serem cumpridas. Nas conversas, um grupo de organizadores, chamados "curadores", propõe 50 desafios macabros aos adolescentes, como fazer fotos assistindo a filmes de terror, automutilar-se desenhando baleias com instrumentos afiados em partes do corpo e ficar doente.



É assustador perceber que este fenômeno macabro ganha cada vez mais visibilidade e vem se alastrando pelo mundo. Em alguns países, como Inglaterra, França e Romênia, as escolas têm feito alertas às famílias, depois que adolescentes apareceram com cortes nos braços, queimaduras e outros sinais de mutilação. São eles:



- Monitorar o uso da internet; 



- Frequentar as redes sociais dos filhos;



- Observar comportamentos estranhos e, sobretudo, conversar e conscientizar os adolescentes a respeito das consequências de práticas que nada têm de brincadeira;



-  Atenção redobrada com os jovens que apresentem tendência a depressão, pois eles costumam ser especialmente atraídos por jogos como o da Baleia Azul; e



- As escolas devem colocar o assunto em pauta e incorporar no currículo, cada vez mais, a educação para a valorização da vida, o respeito pela vida dos outros e o uso consciente das mídias e tecnologias.



 





(Reprodução do infográfico publicado pelo site G1)



 



O Disque-Denúncia solicita a população de todo o Estado que continue denunciando qualquer informação sobre o “Jogo da Baleia Azul” através de seu APP de denúncias - onde é possível anexar fotos e vídeos -, disponível nas lojas virtuais Google Play e Apple Store ou através dos telefones 2253 1177 (capital) e 0300 253 1177 (interior) no custo de uma ligação local. 



O anonimato é garantido ao denunciante.