Disque Denúncia


O Disque-Denúncia recebeu 1659 denúncias sobre violência contra a mulher no primeiro semestre de 2016


A cada denúncia, a cada registro, a certeza de que é preciso dar voz a quem não tem.

14/07/2016
O Disque-Denúncia recebeu 1659 denúncias sobre violência contra a mulher no primeiro semestre de 2016

O Disque-Denúncia recebe, diariamente, relatos anônimos sobre violência contra a mulher, vindos de todos os municípios do Rio. 

Segundo o levantamento feito pela equipe de análise da instituição, de janeiro a junho de 2016 a central de atendimento do Disque-Denuncia, através do telefone 2253-1177, recebeu 1.659 denúncias sobre este tipo de crime. Em 2015, foram recebidas 922 denúncias.

Ainda foi possível traçar os cinco municípios onde estas agressões ocorreram: Rio de Janeiro (capital), Nova Iguaçu, São Gonçalo, Duque de Caixas e Belford Roxo. Ao analisarmos por bairros, o maior número de denúncias ocorreu em Campo Grande, Bangu, Jacarepaguá, Realengo e Santa Cruz.

Sempre preocupado com estas questões, o Disque-Denúncia conta com um núcleo de violência doméstica que abrange não somente a mulher, mas também idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes. 
 


 

O serviço possui parceria com órgãos especializados no combate a violação de direitos, tais como: a Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (DEAPTI), as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), Secretaria de Assistência Social e  Direitos Humanos, além dos conselhos tutelares e de outros órgãos. 

Na última semana, uma atitude de coragem chamou a atenção do Disque-Denúncia e  foi destaque nas diferentes mídias por tratar-se de uma pessoa pública que, ao vencer a barreira do medo, pode e precisa dar voz ao pedido de socorro de tantas outras mulheres amedrontadas e reféns deste tipo de violência que parece não ter fim.
 



(Reprodução da Postagem da Luiza em sua página no Instagram)
 

A modelo e atriz Luiza Brunet foi notícia em todos os sites e programas jornalísticos ao afirmar ter sido agredida pelo ex-marido Lírio Albino Parisotto, em Nova York, nos Estados Unidos no último dia 21 de maio. Após o episódio, Luiza se separou do empresário, com quem tinha uma união estável.

Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, no dia 1º de julho, sobre as agressões sofridas pelo ex-marido, Luiza Brunet contou que foi agredida mais de uma vez pelo empresário durante os cinco anos em que estiveram juntos.

Mais de 20 fotos das lesões, que a atriz alegou ter sofrido, foram anexadas ao procedimento investigatório do MP contra Parisotto.
O empresário de 62 anos é investigado pela Promotoria como suspeito de ter cometido crime de lesão corporal contra a atriz, durante violência doméstica, com base na “Lei Maria da Penha”.

Por conta da queixa de violência doméstica prestada pela atriz ao MP contra o ex-marido, a Justiça decretou medidas de proteção para Luiza. O empresário está proibido de se aproximar e manter contato com ela.

À imprensa, Luiza Brunet afirmou ter dado publicidade à agressão sofrida para que outras mulheres vítimas de violência tomem coragem e não se calem. 

 



(Foto Reprodução - TV Globo/Fantástico)

 

Diante da atitude corajosa da atriz e da repercussão do caso, o Disque-Denúncia reforça a importância das vítimas registrarem a violência sofrida na delegacia. Assim como, o de denunciá-la à nossa central de atendimento no telefone 2253-1177. 

Vale ressaltar, e o caso da atriz contribui muito para esta constatação, que não são casos atípicos; que ocorrem somente nesta ou naquela classe social. A violência contra a mulher acontece nas diferentes classes; no Brasil e no mundo. Assim, como, existem diferentes perfis das vítimas.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizou uma pesquisa – para entender o impacto deste tipo de violência no sistema de saúde – onde foi possível traçar o perfil da mulher vítima de agressão que procura atendimento em hospitais, clínicas e postos de saúde do estado do Rio. Elas têm entre 20 e 29 anos, foram espancadas ou agredidas dentro de casa, pelos maridos, namorados ou ex-companheiros, e, quando chegam aos hospitais, mesmo feridas, não costumam revelar os motivos de tanta violência.

De acordo com a pesquisa, entre janeiro de 2013 e 3 de junho deste ano, foram notificados 29,3 mil casos de mulheres agredidas na rede de saúde, uma média de 716, 34 vítimas por mês.

Ao debruçarem-se sobre os registros da rede pública de saúde estadual, os especialistas puderam traçar um retrato da vítima, do agressor, além de detalhar os locais das agressões, o tipo de violência notificada, entre outros aspectos. E alguns números surpreenderam os pesquisadores.

Segundo Janaína Fernandes, pesquisadora da FGV, em entrevista ao colunista do O Globo Ancelmo Góis, 71.6% das vítimas que sofrem violência física e procuram unidades de saúde são do sexo feminino. Outro dado alarmante é o perfil do agressor: 64,25 são conhecidos das vítimas e, entre estes, 60,65 são maridos, namorados ou ex. Além disso, os números mostraram que 4,7% das mulheres que procuraram as unidades de saúde vítimas de violência estavam grávidas — contou a pesquisadora.

Outro dado comprova que estas mulheres convivem com a violência dentro de casa: a maioria das notificações de violência física relatam que o fato ocorreu na residência das vítimas (52,7%), seguido pelas ocorridas em local ignorado ou não informado (22,5%). Além disso, em 35,6% das notificações o fato havia ocorrido mais de uma vez.

A pesquisa ainda mostra que a maioria das vítimas que buscaram ajuda em unidades de saúde têm entre 20 a 29 anos (30,60%). Com relação à cor ou raça da vítima, 31,4% se declaram pardas, 29,8% se declaram brancas e 14,1% se declaram negras. No entanto, 23,7% não declararam sua cor. Entre as que registraram o caso em hospitais públicos estaduais, a maioria não informou o nível de escolaridade (54,9%); 10,5% estudaram da quinta à oitava série incompleta do ensino fundamental e 10,3% tinham ensino médio completo.

O estudo ainda terá uma segunda fase, com análise quantitativa e, segundo Janaína Ferreira, um dos objetivos dos especialistas é entender o porquê de alguns municípios não terem nenhuma notificação sendo o Rio de Janeiro o município com o maior número de vítimas notificadas na rede de saúde.

“ Temos que entender alguns vazios do mapa. O Rio de Janeiro tem o maior número porque aqui mora mais gente. Mas temos que investigar melhor para entender porque alguns lugares não têm nenhum registro e outros têm tantos. Será que as vítimas não procuram os hospitais, será que os hospitais não notificam?”

Janaína Fernandes, durante entrevista ao colunista.

 


 

O Disque-Denúncia continuará trabalhando no combate a violência doméstica disponibilizando, como sempre fez, a sua central de atendimento, através do telefone 2253-1177, para recebimento de denúncias sobre todo e qualquer tipo de violência doméstica.
As informações são encaminhadas aos órgãos responsáveis para que sejam investigadas. Sempre deixando claro, a importância do registro na delegacia.

O nosso atendimento é realizado de segunda a sábado (exceto feriados), das 7h às 23h30, e o anonimato é garantido.

Não tenha medo... Denuncie!